“Em uma sociedade pluralista, o diálogo é o caminho mais adequado para reconhecer o que sempre deve ser afirmado e respeitado e que vai além do consenso ocasional”. (Papa Francisco, Fratelli Tutti, n. 211)
O ponto de partida a esse entendimento é o contexto no qual nos situamos: seja ele social, cultural, religioso, político, racial… Pois, vivemos numa época de profundas desigualdades e injustiças, de violência e enfrentamentos socioeconômicos, classistas, machistas, ideológicos e religiosos; e lamentavelmente, assim tem sido sempre na história.
Como sinal de esperança, ao mesmo tempo, vivemos um momento privilegiado de busca da igualdade entre homens e mulheres, entre povos e raças, busca da paz social com uma justiça equitativa na distribuição da riqueza, busca da solidariedade, do compromisso com a natureza e, particularmente, da busca de um diálogo não só tolerante, mas enriquecedor, entre as diferentes culturas e religiões. É, talvez como em nenhum outro momento da história, uma busca da unidade na diferença e da harmonia na diversidade. Precisamos, continuar tendo este olhar, principalmente no momento de escolher nossos dirigentes, para que não fiquemos decepcionados.
Apesar da persistência minoritária de fundamentalismos estéreis de diversas expressões, nosso tempo compreendeu que, frente aos conflitos e violências entre culturas e religiões, só há um antídoto: o diálogo intercultural e inter-religioso.
Os conflitos, os ódios, os diversos tipos de violências dão notícias de que não se trata de uma tarefa fácil conviver com as diferenças, renunciar a interesses, defender os mais frágeis. Valores estes que, quando estão ausentes, predominam medidas de força, de relações de poder, de dominação, de superioridade, de subjugação…, e que acabam por impor mais obstáculos do que reforçar as vias de acolhida e integração.
A convivência humana se enriquece quando aprende a pautar-se pelo diálogo fecundo em todos os âmbitos da vida, pela paciência e tolerância com o diferente, pela renúncia a instrumentalizar e descartar o outro simplesmente porque “vive, pensa, crê, sente e ama de maneira diferente”.
A luz do texto bíblico: Gn 9,8-17 vemos o estabelecimento da Aliança de Deus com Noé. Aliança que se estende ao cosmos, onde tudo está interligado. E, ao sinal do arco-íris, temos a representação de nossa comunhão com Deus, com o nosso próximo, com nosso interior e com toda a natureza.
Pensemos nosso diálogo com os diferentes, como um arco-íris vocal, que tudo une e confirma uma aliança em vista de um bem maior. Na aliança, Deus se faz presente de forma gratuita. Ele nos convida! E nosso sim, confirma nossa adesão, donde exala amor, entendimento, cumplicidade…
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