Ao saborear o texto “Dons de Deus ao homem“, em Eclo 17,1-12, identificamos que todos nós seres humanos somos frutos da criação de Deus, viemos do barro e ao barro voltaremos. Somos um sopro de vida com dias contados, e, neste intervalo de tempo, que chamamos: vida, ganhamos liberdade para dominar as demais coisas criadas. Ganhamos também, a capacidade de discernir, mas com nossos sentidos, devemos usar de sabedoria para decidir em espírito e verdade entre o bem e o mal.
Ao mesmo tempo, temos um coração admirado pela beleza da criação: para louvar, agradecer e não destruir a Sua obra, passando de geração a geração nossas tradições, que são como leis da vida, e como tal, agir com justiça, devido à aliança feita com nossos pais.
O que fazer, com tamanha graça: guardar-nos das injustiças e de tudo que nos afaste da aliança. Podemos demonstrar tudo isto nas relações com os irmãos, próximos a nós, que pensam diferente, e, que apesar das divergências devemos tratá-los como irmãos e não inimigos.
Pois, nenhum tipo de diferença (cultura, gênero, religião, raça, classe social…) deveria romper o fluxo do respeito e diálogo entre os seres humanos, e dar lugar a atitudes de violência ou qualquer tipo de omissão no convívio humano.
Quando analisamos elementos que nos unem, vemos que todos temos origem e destino iguais: habitamos a mesma casa comum, somos formados da mesma matéria (argila) e em todos nós sopra o mesmo Espírito.
Já seriam elementos mais que suficientes para reconhecer que somos todos iguais, que podemos ser irmãos e que devemos nos deixar conduzir pelas relações fraterno-igualitárias. Construir a cultura do diálogo passa pelo esforço e aprendizado de sair de si para entrar em relação com a diversidade.
Frente a um mundo global, diverso, multicultural, qualquer tentativa de homogeneização está fadada ao fracasso. Pois se trata de uma tarefa humanamente impossível. Descobrir que a riqueza está na diversidade e não na uniformidade é a base sobre a qual se parte para a destruição dos muros e a construção de pontes que facilitam o diálogo.
Não significa perder os próprios valores e a identidade cultural; muito pelo contrário, quando se é consciente de sua própria identidade é quando se torna capaz de entrar em relação com o outro que possui outros valores e está formado por outra identidade.
Como nos diz o Papa Francisco, tudo está interligado nesta casa comum e como somos uma peça desse tabuleiro, devemos colaborar com diálogo e amizade, de modo especial com aqueles que pensam de forma diferente.
A partir do Retiro: Diálogo e Amizade com Pe. Adroaldo Palaoro, em outubro de 2021
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